terça-feira, 20 de março de 2018

ÓDIO QUE NÃO PERTENCE A MIM


 Por: Edvan da Silva Oliveira
       
         Como foi dito em outra postagem, nenhuma instituição está livre dos exageros e falhas humanas, porém, apreciar-se somente os defeitos para minimizar os acertos, é no mínimo reflexo de outra fraqueza!
“Dá pra viver
Mesmo depois de descobrir que o mundo ficou normal
É só não permitir que a maldade do mundo te pareça normal
Pra não perder a magia de acreditar na felicidade real”
             A cada momento torna-se mais temível o que alguns defensores dos bons princípios produzem, revelam os sentimentos mais profundos e às vezes cobiçoso. As postagens vão de encontro aos comentários de Leandro Karnal e Filipe Pondé que definem o ódio como inerente ao ser humano.
Um número crescente de pessoas compartilham, sim! Compartilham as informações dos midiáticos aproveitadores sem se permitirem aos cuidados de analisar o excesso dos fatos. Normalmente não concordam em totalidade, porém, é mais cômodo e menos comprometedor compartilhar a opinião do outro que expressar a própria, pois, o ódio que gera as diversas formas de violência não pertence a mim, mas, ao outro!
             Sobre o caso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Pedro, executados no Rio, triste e lamentável, mais uma vítima da violência consequente do “ódio que não pertence a mim”. O caso viralizou, incomodou e sensibilizou muita gente. A comparação com outras fatalidades que não ganharam tamanha repercussão e a tentativa de minimizar o sentimento de indignação da população chama a atenção. O que se ouve é: “A negra, favelada, do partido de esquerda, defensora de bandidos, da ideologia de gênero e até das famílias de policiais assassinados, não é melhor que o médico, que o morador de rua, que o pai de família ou mesmo que milhares de crianças que morrem diariamente”. De fato, ela (Marielle), ele (Anderson) ou qualquer outro, não é melhor que ninguém! Então, porque esse caso ganhou a mídia nacional e o sentimento de comoção de alguns?
               Diante da busca por melhores condições e a multiplicidade de coisas para fazer, um número menor de pessoas despojam da sua comodidade pelo outro, pela defesa de interesses coletivos! Portanto, não é estranho a emoção/revolta, alguns podem até não compreender ou jamais saberão o significado, mas, sentimentos geram sentimentos.
        Existem casos contemporâneos que igualmente se tornaram razão de muita emoção e comentários preconceituosos. Na região norte, Irmã Dorothy Stang, missionária que defendia a minimização dos conflitos fundiários, Padre Josimo, defensor dos trabalhadores rurais, Chico Mendes, seringueiro, sindicalista, ativista político e ambientalista brasileiro que defendia a preservação da floresta amazônica e tantos outros. Em comum, a luta pela defesa da vida e o fim do apartheid social. É preciso falar que não se pretende comparar as vítimas e seu comportamento em vida, apenas evidenciar que a bondade, a defesa das pessoas, e em especial as mais pobres, gera reciprocidade à atenção dedicada.
           Sobre defeitos e pecados! Nenhum ser humano encontra-se livre deles, nem mesmo a morte os apagará, mas o julgamento não pertence a nós.

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