Ao assistir o vídeo de pessoas chamando professores de burros e menosprezando o curso de pedagogia, ao observar alguns indivíduos que compartilham imagens com cenas violentas das manifestações e atribuem aos professores a culpa por tamanha selvageria, insinuando que os atos são resultados do ensino de história que busca formar revolucionários. Citam os profissionais da educação não como protagonistas do despertar consciente, capaz de levar o cidadão a reivindicar direitos quando estes estão ameaçados.
No entanto, há uma inversão de valores, aos profissionais do ensino, o delito, como se instigassem a violência através da sua prática pedagógica. Senti-me tentado a refletir sobre esse assunto. Tentei imaginar como o professor consegue encarar uma sala de aula com 30, 40, 50 estudantes, qual a façanha para que todos se comportem minimamente enquanto aplica o conteúdo? O professor lida com estudantes que por qualquer razão chegaram a um determinado nível sem aprender o necessário para estar naquela série, então, resta ao mágico da sala adaptar-se para dar atenção à turma e de maneira especial para aquele aluno especifico ou condená-lo ainda mais.
Ainda há os alunos com alguma necessidade, transtornos, déficit de atenção, com hiperatividade e outros. Eles também merecem participar do processo de ensino aprendizado, todavia, as políticas para essas especificidades são limitadas e até mesmo inexistentes, as razões para esta inércia não se sabe, não se comenta, resta ao professor o malabarismo do dia a dia para encarar uma sala tão diversa.
O professor dedica-se a participar de formação continuada, reuniões e ainda tomar de conta da família. Suas funções não encerram ao soar do sino, ao chegar ao lar dedica parte do seu tempo a corrigir atividades, provas e elaboração de planejamento. E depois de tudo isso, ainda tem que ouvir que não sabe dar aula, que sua profissão é a última opção. Talvez, seja mesmo, afinal encarar tudo isso, não é para qualquer um!