sexta-feira, 20 de novembro de 2020

20 DE NOVEMBRO - DATA HISTÓRICA.

Ninguém ouviu Um soluçar de dor No canto do Brasil Um lamento triste Sempre ecoou Desde que o índio guerreiro Foi pro cativeiro E de lá cantou Negro entoou Um canto de revolta pelos ares No Quilombo dos Palmares Onde se refugiou Fora a luta dos Inconfidentes Pela quebra das correntes Nada adiantou E de guerra em paz De paz em guerra Todo o povo dessa terra Quando pode cantar Canta de dor. (Artista: Clara Nunes - Compositores: Mauro Duarte / Paulo Pinheiro)

terça-feira, 22 de setembro de 2020

terça-feira, 25 de agosto de 2020

"Um brinde às pessoas que temos"

Esse momento em que vivemos faz refletir sobre a vida, sobre as pessoas que amamos e o quanto somos frágeis. É preciso rever nossos conceitos, amar mais e julgar menos. Parar! consideramos tantas coisas mais importantes e fica esquecido momentos que valeram a pena, pessoas que valem a pena está perto.

 

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

SE REINVENTANDO NA PANDEMIA

Devido a pandemia a companhia deixou de fazer suas tradicionais rodas de leitura e para não perder o hábito, foi adotado o método online, para que o prazer e o desejo de compartilhar conhecimento não seja vencido por esse terrível momento que o mundo está passando.

 

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Admirável Mundo Novo de Aldan Huxley



Por Edvan Oliveira

É inevitável não falar de governo totalitarista ao abordar um clássico distópico, portanto, Admirável Mundo Novo de Aldan Huxley é isso e muito mais. A riqueza da obra não se limita, vai além, mas, sempre retorna ao cerne da questão, as consequências do totalitarismo. Ao lê-la, transitar-se-á por um cenário utópico que esconde a face verdadeira da distopia. 

Proponho uma abordagem que perpassa o conteúdo do livro ao correlacioná-la a um clássico da filosofia, a Ética a Nicômaco de Aristóteles, pois, como diz o próprio, toda arte, toda investigação e igualmente toda ação e projeto previamente deliberado parecem objetivar algum bem. Parafraseando-o, digo: “por isso se tem dito, com razão, ser o bem a finalidade de todas as coisas.” Na obra, Aristóteles apresenta caminhos para o bem maior, e destaca a importância de agir com moderação para alcançar o bem pretendido.

Em Admirável mundo novo, Aldam Huxley encontrou não apenas o caminho para a moderação, como também a chave para a felicidade de todas as pessoas que vivem em seu admirável mundo. Saber escolher não fazia mais sentido, as pessoas, não precisavam e nem podiam, não detinham nem mesmo o direito à infelicidade! Na sociedade mundo novo, tudo é definido pelo governo sob o propósito da felicidade. A partir do processo de incubação, os fetos são condicionados à satisfação plena, do nascer ao fim dos seus dias. Sim, incubação! O modelo vivíparo não existe, as crianças são concebidas e decantadas em laboratório para facilitar o controle total, afasta qualquer possibilidade de vínculos.

O mundo está dividido em dez centros administrativos e sociedade em castas que são definidas na incubadora. Alfa, Betas, Gamas, Deltas e Ípsilons representam as camadas sociais, sendo, os Alfas o topo e os Ípsilons a base da pirâmide. A casta representa não apenas o lugar economicamente ocupado pelo indivíduo, mas, a capacidade cognitiva e o porte físico. O bebê designado a uma casta inferior recebe menos nutrientes e oxigênio durante a incubação, esse processo interfere na estrutura óssea e na inteligência.

Outros métodos que tornam possível o lema da sociedade mundo novo (comunidade, identidade, estabilidade) é o Bakanovskizav, processo de seleção em série aplicado à biologia, em outras palavras, clonagem humana, porém, aplicava-se somente às classes inferiores. Também, fazia-se uso da hipnose durante sono (Hipnopedia) e indução através de repetição (duzentas repetições, duas vezes por semana, dos 14 aos 16 anos e meio) fixava as verdades necessárias. Os bebês deltas eram submetidos a choque e barulho ensurdecedor ao tocar em livros e/ou flores para criar aversão a qualquer coisa semelhante. Os Ípsilons, bem, não precisavam fazer nada, pois, a condição deles era de total ausência cognitiva. O processo ocorria ao contrário com os bebês Alfas, música suave em alguns momentos, silêncio em outros e condicionamento para criar consciência de classe, colocando-os sempre em uma condição superior.

Grandeza da alma, generosidade e magnificência mencionadas por Aristóteles, são virtudes raras no mundo novo. Bernard, um dos poucos que questionou o modelo “ideal”, recua diante do empreendimento de uma ação nobre, tonou-se um vaidoso, que segundo Aristóteles “são pessoas tolas, ignorantes de si mesmas.” Bernard revelou-se alguém pequeno de alma, abriu mão de todas as possiblidades que poderiam torná-lo uma pessoa virtuosa.

O mundo primitivo, a reserva, vista e visitada como um parque temático para aqueles que se arriscam a conhecer, talvez fosse o verdadeiro reduto de humano, todavia, para os recém chegados Bernard e Lenina, não havia nada de humano naquele lugar, lixo nas ruas, animais mortos próximo às residências, esgotos a céu aberto e condições precárias dos moradores, principalmente os anciãos. No Admirável Mundo Novo não era comum pessoas com pele enrugada e outras marcas da idade. Aquele lugar assustava principalmente a jovem garota. Ficou evidente o preconceito aos costumes e tradição daquele lugar.

Na reserva, Bernard e Lenina encontraram John, o primitivo, filho de pais do admirável mundo e criado na reserva por sua mãe Linda, que havia ficado pra trás em uma visita semelhante àquela que fazia Bernard e Lenina. Não custa relembrar que a condição de mãe era absurda a uma decantada, portanto, Linda rompeu a sequência da esteira de produção, estava sujeita a todo tipo de julgamento, tornariam (mãe e filho) atração no Mundo Novo. Bernard, que se encontrava ameaçado no Admirável Mundo, logo vislumbrou na dupla uma oportunidade para se reconciliar e tornar-se uma atração. O jovem não hesitou, encontrou uma maneira de levá-los à “civilização”.

“Na justiça está toda a virtude somada.”  Parcial, meritocrática, equitativa e recíproca. “O termo injusto é tido como indicativo tanto do transgressor da lei quanto do indivíduo que quer mais do que aquilo que lhe é devido” [...] O justo, portanto, significa o legal, o igual ou equitativo. O injusto significa o ilegal e o desigual ou não equitativo.” Diante do exposto no quinto livro da Ética a Nicômaco, Aristóteles destaca o que para ele, seja a maior de todas as virtudes, em nosso paralelo, vemos o abismo existente entre o Admirável Mundo e a reserva, a injusta distribuição das castas, a falta de liberdade aos povo e o controle através do soma. Qual a justiça presente? Talvez, somente a capacidade individual, os resquícios de humanidade e a foça de um laço afetivo para salvar essa história.

Não será fácil, Bernard, cedeu aos problemas da vida moral, uma constância de maus hábitos e ações incontinentes revelaram uma pessoa vaidosa que busca somente o seu bem-estar. Além dele, Linda, Lenina e outros apenas buscavam o bem maio, temiam a infelicidade. Estes, ariscavam os “amigos” para satisfazem-se, se enquadraram nos dois primeiros tipos de amizade citado por Aristóteles, presente entre aqueles que buscam um bem e/ou prazer próprio para acalentar às inquietações pessoais. O primitivo John e Helmholtz, sob à luz da sabedoria, compartilharam uma verdadeira, um completava o outro, mesmo quando discordavam ainda existia razão para se compreenderem.

Ainda haveria muito a se falar sobre o tema, o debate sobre a esteira de produção, o condicionamento das castas inferiores e claro, em tempos de crise sanitária que atinge principalmente os mais velhos, caberia uma profunda reflexão a respeito do valor dos idosos para manutenção das tradições e do patrimônio imaterial. Contudo, é preciso conclui para não torna ainda mais longa a análise. Vamos à conclusão.

Concluo da melhor maneira que posso imaginar, destaco à importância da arte na vida do ser humano. O primitivo ainda na aldeia, encontrou um livro de Shakespeare que somado aos costumes e tradição do seu povo, fundamentou o conhecimento de John, tornou-se a base da sabedoria daquele jovem que em um diálogo com o administrador Mustafá Mond deram vida ao mais belo momento do livro, um debate sobre o preço da estabilidade que obriga a “escolher entre a felicidade e a grande arte”.

Para Mustafá, o bem maior, “o tipo de ideia que poderia facilmente descondicionar os espíritos menos estáveis das castas superiores – poderia fazê-los perder a fé na “felicidade como Soberano Bem”, e levá-los a crer, em vez disso, que o objetivo estava em alguma parte além e fora da esfera humana presente; que a finalidade da vida não era a manutenção do bem-estar, e sim uma certa intensificação, um certo refinamento da consciência, uma ampliação do saber... [...] “Como seria divertido”, pensou, “se não se tivesse de pensar na felicidade!”’.

Encerro, mas, não antes de dizer, “as palavras podem ser como os raios X, se as usarmos adequadamente: penetram em tudo. Agente lê e é trespassado.”

 

 


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